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Cristina Haberl

Farmacêutica Industrial - Empresária

 

 

O leite é a principal matéria prima para a fabricação de queijos e é fundamental que tenha boa qualidade.

 

O que é um leite de boa qualidade?

 

Basicamente, o leite de boa qualidade é o que apresenta algumas características, tais como:

  • sabor agradável;

  • bom valor nutritivo;

  • estar isento de microrganismos patogênicos;

  • ter uma baixa quantidade de microrganismos;

  • não estar contaminado com antibióticos, carrapaticidas, ou pesticidas;

  • ter baixa quantidade células somáticas, que indica a sanidade da vaca.

 

As medidas a serem adotadas para obtenção de um leite de qualidade iniciam com os cuidados de higiene e sanidade do animal, ainda na gestação, e perduram por todo o processo de obtenção do leite e seu processamento.

 

Um leite de má qualidade não poderá ser “consertado” e seu uso na elaboração de queijos pode ocasionar alguns problemas, como queijos:

  • estufados e de sabor amargo;

  • de odor desagradável, resultante da decomposição das proteínas e gorduras, prejudiciais à saúde, por estarem contaminados por coliformes, bactérias causadoras da tuberculose, brucelose, etc.

 

Alguns aspectos microbiológicos do leite são importantes, por ser ele um meio não estéril, ou seja, que apresenta sempre microrganismos. Ao passar pelo canal do teto, o leite carreia microrganismos ali instalados, que são considerados flora normal, ou saprófitos, que não são prejudiciais. São bactérias láticas das mais variadas espécies e seu número no momento da ordenha não é preocupante, quando o animal é saudável (teste de mamite negativo) e todas as outras condições de higiene estão sob controle.

 

Quando o leite entra em contato com o meio exterior, os microrganismos iniciam sua multiplicação e outro fator deve ser considerado, a composição do leite.

Características do Leite para fazer Queijo

Etiel Equipamentos para Queijos Artesanais

Ele é constituído de água, proteínas, gordura, lactose, e apresenta, no momento da ordenha, um pH próximo ao da água, ou seja de 6,5 a 6,8 (baixa acidez). Sua temperatura de 37 graus C, no momento da ordenha é outra condição favorável para a multiplicação bacteriana.

 

Essas condições tornam o leite um ótimo meio de cultura para os microrganismos pré-existentes e os contaminantes que se somam aos já encontrados.

 

Esses contaminantes podem vir das condições da sala de orde-nha, partículas de pó em suspensão, utensílios, equipamentos, mãos do operador e outros materiais que venham entrar em con-tato direto com o leite.

 

A multiplicação dos microrganismos se dá em proporções geométricas, portanto o leite deve ser utilizado logo em seguida da orde-nha, ou ser resfriado rapidamente a uma temperatura de 4 a 5 graus C, quando deverá ser utilizado em até 2 dias.

Em condições ideais uma célula bacteriana se multiplica a cada 20 minutos o que nos leva ao resultado exemplificado no gráfico de multiplicação de células, abaixo.

 

Ao se multiplicarem, as bactérias utilizarão os nutrientes do leite como fonte de energia, principalmente a lactose. O metabólito (resultado final do metabolismo) das bactérias láticas é o ácido lático, o qual torna o leite ácido.

 

Como indicativo da qualidade microbiológica do leite citamos a utilização do teste de acidez determinando seu grau Dornic, teste que é de conhecimento de todo produtor de leite. Nesse teste, o grau de acidez é obtido através da determinação da quantidade de ácido láctico encontrado no leite.

 

 

A acidez normal de leite recém obtido é entre 16 graus a 20 graus Dornic, ou seja 1,60 a 2,00 g de ácido láctico por litro de leite. Quantidades acima desses valores indicam que as bactérias formadoras de ácido lático estão se multiplicando. Porém esse método não é um indicativo absoluto de acidez, uma vez que pode haver crescimento de contaminantes, cujos metabólitos são outros ácidos e nesse caso o melhor método de determinação de acidez, é o controle do pH do leite.

 

Os resultados de controles laboratoriais dão indicativos da qualida-de do processo de obtenção do leite, se há higiene ou há falhas. Os controles são importantes quando não se tem a informação dos procedimentos utilizados no local de produção.

 

Em uma pequena produção, quando o leite é utilizado no local de origem, na produção de queijo, quer para consumo próprio ou como forma de agregar valor à propriedade rural, todas as etapas são facilmente monitoradas e torna-se importante implantar medidas de prevenção para a obtenção de um leite de boa qualidade.

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